[024] Codependente, eu?
Uma reflexão para quem tem a mania de ser a Salvadora da Pátria. Ou Salvador.
Edição Anterior
O que o tempo nos ensinou?
Nesta Edição
Salvando os outros
Salvando a si
Prática Consciente
Primeiro Eu
Um superpoder?
[salvando os outros]
Tem dias em que parece que nascemos com um superpoder: salvar os outros. Pena que esse poder cobra caro. Principalmente quando esquecemos de nós mesmas para resolver a vida de alguém.
Nesta edição quero falar de um lugar que conheci bem demais: a codependência. E como, se não fosse a terapia, eu já teria voltado para lá — sem nem perceber.
Tudo em nome do amor
Por muito tempo, achei que amar era ajudar em qualquer circunstância. Se alguém me contava um problema, eu já buscava solução. Se a pessoa estava mal, eu queria entender, acolher, resolver.
Lá no fundo, havia uma crença silenciosa:
Se eu não fizer nada, essa pessoa vai afundar.
Era como se o bem-estar emocional do outro fosse minha responsabilidade.
Hoje, eu reconheço esses sinais. Eles não gritavam — sussurravam, com cara de empatia e generosidade.
Mas por trás, havia medo: de perder, de não ser suficiente, de só merecer amor se fosse útil.
Só por hoje
[salvando a si]
Semana passada, uma situação me trouxe esse enredo de volta. Alguém próximo passando por um momento desafiador — e minha primeira reação foi:
O que eu posso fazer? Como posso ajudar?
Parei. Respirei. E ouvi aquela voz que a terapia me ensinou a reconhecer:
Isso é seu? Ou é do outro?
Quantas vezes já entramos na história do outro com essa missão de resgate? Já sentimos que, se não ajudássemos, estaríamos falhando como amigas, filhas, parceiras?
Boas intenções
A codependência nem sempre se apresenta com esse nome. Ela às vezes se disfarça de cuidado, de boa intenção, de amor incondicional.
Mas será que, por trás disso tudo, não existe também um desejo de controle? De nos sentirmos seguras num mundo onde o outro, ao melhorar, valida quem somos?
✍🏽 Refletindo
[prática consciente]
Pegue seu caderno e responda com honestidade:
Em que momentos da sua vida você sentiu que precisava “salvar” alguém?
O que você sentia ao ajudar? E o que esperava em troca (mesmo que fosse só um “obrigada”)?
O que muda quando você acredita que o outro pode encontrar seus próprios caminhos?
Hierarquia do Cuidado
[primeiro eu]
Reconhecer padrões é um ato de coragem. Sair do papel de salvadora não é deixar de amar — é aprender a amar com limites.
Hoje, quando a vontade de resgatar aparece, eu me pergunto:
Como eu posso me salvar primeiro?
Porque, no fundo, é fácil se perder tentando salvar. Difícil mesmo é escolher ficar em nossa própria companhia, cuidando das nossas próprias demandas.
Frase do dia
Ver o outro como alguém que precisa ser salvo o tempo todo não é amor — é desempoderamento com cara de cuidado.
Ei, psiu!
Minha perspectiva sobre uma vida equilibrada (e não romantizada)
✒️ Até semana que vem!


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a linha entre salvar alguém e ajudar alguém a se salvar pode ser muito tênue em algumas situações. mas vale aquela máxima das máscaras de oxigênio que cairão automaticamente em caso de despressurização: primeiro você bota a sua, depois ajuda os outros.