[003] Você tem medo de quê?

Os primeiros doze dias e uma reflexão sobre enfrentamentos

Nesta Edição

• Vozes

• Tipos de Medo

• Meus enfrentamentos

• Palavra do Dia

• Prática Consciente

A Voz do Medo

[vozes]

Medos têm vozes. Às vezes, sussurram inseguranças, outras, gritam certezas que nos congelam. Eles vivem nas sombras, se alimentando das nossas dúvidas e do desconhecido. Há o medo que nos paralisa, como um alerta fora de controle. E há outro, mais raro, que nos faz crescer, nos coloca diante de algo maior.

Essas diferenças me intrigam. Por que alguns medos nos prendem enquanto outros nos impulsionam? O que transforma uma sombra em uma oportunidade?

Hoje, vamos refletir sobre essas nuances e como se entrelaçam com algo maior, fazendo toda a diferença.

Voz que paralisa ou que nos faz avançar?

[tipos de medo]

Na sabedoria hebraica, existem duas palavras para descrever o medo, e cada uma carrega um significado profundamente diferente.

Pachad refere-se ao medo irracional, aquele que cria monstros imaginários e nos paralisa. É o que antecipa desastres, mesmo antes de algo acontecer.

Yirah, surge com um frio na barriga, mas em vez de nos impedir, nos convida a expandir. Ele não paralisa diante do desconhecido, mas desperta. Inspira crescimento como se estivéssemos diante de algo maior do que nós mesmos.

Entender esses dois tipos de medo é essencial, porque o Pachad nos prende, enquanto o Yirah nos convida a avançar.

Não se trata de escolher qual ouvir, mas de reconhecer e diferenciar os dois. Quando percebemos que é Pachad, sabemos que ele precisa ser desafiado. Quando é Yirah, sentimos que vale a pena seguir, mesmo com receio, pois é o tipo de medo que nos transforma.

Qual foi a última vez que você sentiu medo?

Era o Pachad, aquele que sussurra limitações, ou o Yirah, que desafiou você a crescer? Talvez o primeiro instinto tenha sido recuar, mas e se, por um momento, você parasse para ouvir o que o medo quer dizer? Que possibilidade poderia estar escondida atrás dele?

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Quando o Medo Inspira

[meus enfrentamentos]

Já senti o frio na barriga do Yirah algumas vezes. Ele estava lá quando decidi sair do serviço público para empreender, trocando a segurança pelo desconhecido. Apareceu de novo quando enfrentei o fracasso e não fazia ideia do que fazer em seguida. E gritou quando fui para a Inglaterra com meu inglês tupiniquim, tentando me comunicar em um mundo tão diferente do meu.

Em todas essas vezes, o Yirah me desafiou. Ele parecia grande, até assustador, mas trouxe junto uma força que me fez crescer. Cada passo que dei, mesmo tremendo, abriu portas que eu nem sabia que existiam.

Agora, estou diante de outro momento. Já fiz minha escolha aqui, na mente e no coração, mas ainda não dei o passo. Estou ouvindo um medo. Ele tem falado baixinho, como quem me pede atenção. Acho que é o Yirah novamente, me convidando a expandir.

Para dar esse passo, tenho me lembrado das vezes que enfrentei o desconhecido e escolhi confiar. Não porque sabia o que aconteceria, mas porque senti que era o caminho certo.

O convite

[palavra do dia]

Uma ponte que atravessa o abismo entre o medo e o crescimento.

Não é sobre apagar as dúvidas, mas seguir, mesmo tremendo por dentro. Acreditar que, apesar do desconhecido parecer imenso, existe uma parte de mim que sabe como atravessá-lo. Não elimina o frio na barriga – e quer saber? Nem precisa, ela pega esse frio e o transforma em impulso, em coragem. Essa é a confiança - a palavra do dia três.

Já passei por tempestades, por outras escolhas difíceis, e cresci com todas elas.

Hoje, escolho confiar de novo — confiar na vida, no processo, e em mim mesma.

Mapeando o Medo

[prática consciente]

Pegue seu caderno, caneta e divida a página em duas colunas:

1. Na primeira coluna, escreva todos os medos que vierem à mente. Pode ser qualquer coisa que esteja ocupando seus pensamentos: grandes ou pequenos, reais ou imaginários.

2. Na segunda coluna, ao lado de cada medo, identifique se ele é Pachad ou Yirah. Use as descrições como guia.

3. Ao final, escolha um medo relacionado ao Yirah e pergunte-se:

   • Que oportunidade pode estar escondida por trás deste medo?

   • Qual seria o menor passo que eu posso dar em direção a ele hoje?

Guarde essa lista como um lembrete de que cada medo tem algo a ensinar. Releia-a sempre que precisar de coragem.

Ampliando a sua percepção

Tenho um vídeo antigo no canal do YouTube que pode te dar uma nova perspectiva sobre medo.